APL 2238 [A águia e a truta]

Uma rainha de Aragão foi sentenciada à morte pelo rei seu marido, em virtude de uma intriga de criados. Sabedora da sorte que a esperava, disfarçou-se e fugiu. Foi-lhe no encalço o rei, que junto ao Rio Minho a teria apanhado, se a rainha não houvesse pedido aos barqueiros que o demorassem o tempo suficiente para ela se acolher a certo castelo. Em virtude da lealdade dos barqueiros, a rainha conseguiu refugiar-se no castelo. Veio o rei pôr-lhe cerco, e pela fome e pela sede empreendeu rendê-la. Ela, porém, descobriu ali uma fonte que a alimentava de água pura, e, quinze dias passados, veio sobre os rochedos pousar uma águia, que trazia no bico uma truta, assustada talvez pela presença da rainha ou de alguma pessoa do seu séquito. Em vez de se aproveitar do saboroso peixe, a rainha mandou-o de presente ao rei, que a cercava, e tinha o seu acampamento no lugar onde hoje é Trute. O rei, persuadido de que o braço divino a amparava, levantou o cerco, perdoando-lhe, contrito, as supostas faltas. Não quis a rainha acompanhá-lo depois, e por estes lugares terminou a vida em devotos exercícios e penitências austeras.

Source
VASCONCELLOS, J. Leite de Contos Populares e Lendas II Coimbra, por ordem da universidade, 1966 , p.660
Place of collection
Trute, MONÇÃO, VIANA DO CASTELO
Narrative
When
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

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