APL 376 A ponte do cavaleiro
Era uma vez… no tempo já distante, dos princípios do cristianismo, vivia uma senhora chamada Dona Loba, que era muito rica.
Esta Dona Loba prometera ao Apóstolo São Tiago converter-se à religião de Jesus de Nazaré, então a espalhar-se por toda a Europa.
Aquele Santo, que não gostava de perder tempo, mandou dois dos seus discípulos mais dedicados a cristianizar aquela rica senhora. Ao mesmo tempo ela escrevia uma carta a um casal muito da sua confiança e que vivia ali, nas Cortes, a uma curta légua de Leiria, a pedir-lhe conselho sobre a sua conversão à Verdade de Cristo.
Estes seus amigos chamavam-se Lúcio Venónio, ele; ela Celerina, e eram romanos muito ricos e muito poderosos.
Logo que os discípulos de São Tiago chegaram à fala com Dona Loba ela entregou-lhes a carta que havia escrito para Venónio e sua mulher.
Os discípulos andaram, andaram, e alcançaram a casa de Venónio e entregaram a carta de Dona Loba. Mas Venónio, que ainda não tinha ouvido falar na doutrina de Jesus de Nazaré, não gostou do que Dona Loba dizia e mandou-os prender. Era já noite.
Mas.., quando os raios de sol começaram a dar os bons dias a terra, os Anjos libertaram os prisioneiros que logo deram às de Vila Diogo.
O Venónio ao saber da fuga dos seus prisioneiros deu por paus e por pedras e mandou-os perseguir pelos seus homens de cavalo.
Os perseguidores correram a toda a brida e foram apanhá-los junto a uma ponte que ali havia. Mas os discípulos do Apóstolo estugaram o passo e passaram para o outro lado da ponte, a salvo.
O mesmo não sucedeu aos homens de cavalo, de Venónio, que, quando chegaram ao meio da ponte esta ruiu e, catrapuz... homens e cavalos foi tudo de roldão por água abaixo.
O povo, o bom povo das Cortes e das vizinhanças, viu neste acontecimento um castigo de Deus e converteu-se à religião de Cristo.
Também Venónio e sua mulher Celerina se tomaram cristãos, tão bons e generosos que, no dizer do povo, ela era uma Santa.
Venónio, tempo depois, morreu na Paz do Senhor, e sua mulher, Celerina, foi para Sines onde veio a ser martirizada por não querer abjurar a sua Fé e veio a ser Santa muito venerada naquela terra de Sines.
E foi deste modo que começou, na região de Leiria, a cristianização dos Povos.
- Source
- CABRAL, João Anais do Município de Leiria, Vol. III Leiria, Câmara Municipal de Leiria, 1993 , p.223-224
- Place of collection
- Cortes, LEIRIA, LEIRIA