APL 1217 Os Corsários e a ajuda da Senhora da Conceição
Era no final do século dezasseis e, se Portugal Continental estava, em parte, ao abandono porque era governado por estrangeiros, mais desprotegidas estavam as ilhas dos Açores que, isoladas no meio do Atlântico, tinham que resistir e se defender sozinhas da fúria dos ataques de piratas moiros e de corsários ingleses e franceses.
Em Santa Maria, a ilha talvez mais sacrificada, construíram-se fortes e redutos em volta da costa, nos lugares mais acossados. Mas mesmo assim muitas vezes não era possível evitar, a violência dos invasores.
Uma certa vez, durante o governo do capitão Brás Soares, os ingleses, sedentos de aventura e riqueza, rumaram para a ilha de Santa Maria para atacarem e roubarem as populações.
Era a segunda vez que o faziam e os marienses, quando se aperceberam do que estava para acontecer, ficaram apavorados mas não desanimaram. Armaram-se de tudo quanto puderam, juntaram paus e pedras e foram para a Rocha da Conceição, para perto do lugar onde agora existe a ermida e os restos do Castelo de S. Brás. Como eram muito devotos da Senhora da Conceição, levaram consigo a Sua imagem e puseram-na numa trincheira, para se sentirem confortados com a Sua presença.
Qual não foi o espanto das pessoas quando começaram a dar encontro às lanchas que vinham botando os soldados ingleses em terra e viram a Senhora da Conceição, toda vestida de branco, andar pelo ar impedindo que os inimigos chegassem a terra.
Os ingleses foram rechaçados e foram-se embora sem conseguirem atingir sequer um mariense. Esta notável vitória dos da terra nunca foi esquecida em Santa Maria, especialmente porque se deveu não só à coragem dos homens, mas principalmente à ajuda da Senhora da Conceição da Rocha.
- Source
- FURTADO-BRUM, Ângela Açores: Lendas e outras histórias Ponta Delgada, Ribeiro & Caravana editores, 1999 , p.28
- Place of collection
- VILA DO PORTO, ILHA DE SANTA MARIA (AÇORES)