APL 3576 O cavaleiro e a princesa

Conta-se que um cavaleiro cristão se apaixonou por uma princesa moura, e o pai da jovem, querendo contrariar esse amor, fechou-a a sete chaves no Castelo de Monforte. O cavaleiro passou assim a ir, vezes sem conta, rondar o castelo, na esperança de a ver. Só que ela era guardada por um gigante, que não a deixava sequer olhar para fora do castelo.
    Um dia, o cavaleiro encheu-se de coragem e entrou pelo castelo dentro de espada na mão e matou quantos mouros encontrou pela frente. Ao chegar junto da princesa deu de frente com o gigante, atravessando-lhe o coração com a espada. E o sangue que jorrou transformou-se numa enorme passadeira que lhes mostrou o caminho para a fuga. Conseguiram assim fugir, e foram viver num castelo cristão, onde casaram.
    Diz o povo que o rei mouro, com o desgosto, nunca mais saiu do seu castelo. E a gente de Águas Frias concelho de Chaves, quando o vento sopra de feição, costuma ouvir a voz triste de um homem a cantar assim:

“— Minha filha, meu amor,
Com olhos cor de luar,
Quem te arrebatou de mim,
Onde foste tu parar?”

Source
PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros Vila Nova de Gaia, Gailivro, 2006 , p.238-239
Year
1999
Place of collection
Santo António De Monforte, CHAVES, VILA REAL
Informant
Maria da Graça Oliveira Gomes (F), 54 y.o.,
Narrative
When
12 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography