APL 2196 O Castelo do Mau Vizinho

Ao contrário da grande maioria dos castelos, que se situa no topo dos montes, o Castelo do Mau Vizinho avista-se à beira-rio, no fundo de uma serra, a serra do Candedo. É um castelo misterioso, já se sabe, ou não tivesse ele o nome que tem.
Contam os antigos da aldeia de Dadim, uma das mais próximas do castelo, que os mouros, quando lá viviam, quiseram construir uma torre muito alta. Tão alta que subisse do fundo do vale até ficar ao nível da Fortaleza de São Sebastião, onde viviam então outros mouros, e que se situa junto à aldeia da Castanheira. Tudo isto porque queriam ver-se uns aos outros.
Começaram então as obras, desenterrando e arrastando para o castelo quantas pedras e pedregulhos havia nas redondezas. Algumas das que lá estão até metem medo. Nisto, já a torre estava bem alta, eis que vem dos lados da Galiza o S. Tiago, montado num gigantesco cavalo branco, e destrói tudo quanto os mouros já tinham erguido.
Conta a lenda que foi tão violento este ataque, que as patas dianteiras do cavalo — patas enormes, já se vê — ficaram gravadas no rochedo que serve de rampa de acesso ao castelo. Ainda estão, à vista de quem se atrever a subir-lhe.
E também se conta que os mouros tiveram de fugir do castelo apenas com a roupa que tinham no corpo. Nem tempo tiveram de levar os tesouros. Por isso, com o poder mágico que só eles possuíam, encantaram-nos. É como lá continuam. Tal qual como o tão cobiçado bezerrinho de ouro que muitos já tentaram, em vão, retirar das ruínas do castelo.

Source
PARAFITA, Alexandre O Tesouro dos Maruxinhos: Mitos e Lendas para os Mais Novos Lisbon, Oficina do Livro, 2008 , p.16
Year
2005
Place of collection
CHAVES, VILA REAL
Informant
Ana da Assunção (F),
Narrative
When
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography