APL 334 Bruxas (3)

Diz-se que as bruxas eram mulheres que tinham O Livro de S. “Cepriano”, e que de noite iam às encruzilhadas ler o tal livro e falavam com o Diabo que lhes aparecia à frente. Este ensinava-lhes “orações” para que elas voassem, mas antes tinham que lhe beijar o “rabo”. Só depois é que eram bruxas de verdade.
 As bruxas tinham no rabo uma pequena luz que pisava e só apareciam à noite. Quem as encontrasse no caminho tinha que dizer: “cruzes e figas” e tinha que “fazer figas”, senão as bruxas faziam com que a pessoa se perdesse.
 Se por ventura um homem encontrasse uma bruxa, nunca deveria picar-lhe a tal luzinha, porque senão a bruxa transformava-se em mulher e fazia-o carregá-la às costas até, a casa. Mas não podia acordar o marido dela, porque se tal acontecesse as sua companheiras matavam-no.
 As bruxas, antes de saírem de casa benziam os seus maridos enquanto estes dormiam, dizendo:
 “Eu te benzo com o meu “olho nu?’
 Que eu vá e venha e não acordes tu.”
 As bruxas também faziam mal às criancinhas. Dizia-se que lhes sugavam o sangue, fazendo com que perdessem o apetite. Para que isso não acontecesse, as mães nunca deixavam a roupa da criança no estendal até de noite. Assim as bruxas rio lhe deitavam “mau olhado”.
 Muitas vezes, as pessoas mandavam sal para cima dos telhados, para que as bruxas só pudessem fazer mal a alguém depois de apanharem as pedras todas.

Source
MORGADO, Isabel Viagens ao Imaginário , Centro de Formação das Escolas de Torres Vedras, 1999 , p.69
Place of collection
TORRES VEDRAS, LISBOA
Informant
Carolina Marta (F), 77 y.o.,
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography