APL 234 Lenda de Santa Marinha

The image was in the church of Sandim, it is taken by the flood to Crestuma, where it is found and taken to the local church. “She” decides to remain there: no matter how often the image is carried back to Sandim, it always returns to Crestuma

Santa Marinha (Santa Mariña de Portugal) é padroeira da freguesia ribeirinha que fez a história da terra, onde existiu a Villa de Portugal e que antes fora a povoação Portucale Castrum antiquum e a Calem da estrada militar romana.
 Existem, porém, em Gaia, outros lugares que adoptaram o nome da Santa.
Em Sandim, por exemplo, há um lugar de Santa Marinha, que teve em tempos uma pequena capela onde se venerava uma imagem que deu nome ao lugarejo, à beira do rio Uíma.
 Essa capelinha foi destruída por uma enchente do rio e a imagem de Santa Marinha levada pela corrente, vindo a ser apanhada em Crestuma por qualquer devoto atento, que a recolheu na igreja da freguesia.
 Os de Sandim não gostaram da peripécia e ficaram desgostosos com a atitude dos crestumenses.
 Pensaram, tornaram a pensar e decidiram reaver a imagem.
 E, uma vez, pela calada da noite, os sandinenses foram à igreja de Crestuma e retiraram a imagem, conduzindo-a para a sua freguesia.
 Assim, parecia que estava tudo reparado e, os de Sandim, ficaram convencidos de que valeu a pena correr os riscos da empresa nocturna.
 Entretanto, sucedeu que — por uma espécie de milagre — a imagem voltou a aparecer na igreja de Crestuma, no altar onde fora entronizada.
 Os de Sandim, redobrando em brios, encontraram forma de repetir a proeza de roubar mais vezes a imagem, iludindo a vigilância dos crestumenses e levando-a para o seu território.
 Mas, tal propósito, foi sempre realizado sem êxito.
 Não era preciso que os de Crestuma tomassem qualquer iniciativa pois a imagem, de todas as vezes, ausentava-se como por encanto do lugar onde era depositada e aparecia na igreja crestumense, fazendo malograr as diligências dos de Sandim.
 Daí resultou que os sandinenses acabaram por desistir dos seus intentos, conformando-se, enquanto que os de Crestuma tomaram Santa Marinha como padroeira da sua freguesia, em gratidão do apego que ela revelou por aquela terra.

Source
VALLE, Carlos Revista de Etnografia 26, Tradições Populares de Vila Nova de Gaia - Narrações Lendárias , Junta Distrital do Porto, 1969 , p.423-424
Place of collection
VILA NOVA DE GAIA, PORTO
Narrative
When
20 Century, 60s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography