APL 1909 O Menino de Vermelho

Contam os antigos de Agrochão, Vinhais, que houve noutros tempos naquela aldeia uma velha que, todas as noites, era incomodada por ruídos de bancos a arrastar de um lado para o outro em sua casa. E por isso não conseguia dormir uma noite inteira descansada.
 Um dia, para tentar livrar-se do espírito que ali a importunava, resolveu procurar outra casa para se mudar. Quando estava nas mudanças, a carregar loiças, móveis e outros haveres, encontrou no percurso entre as duas casas um menino de vermelho com um banco às costas. A velha muito admirada perguntou-lhe:
 — Olha lá, esse banco é meu! Para onde vais com ele?
 E o rapaz, com ar mais admirado ainda, exclamou:
 — Então não estamos a mudar de casa?
 Era um trasgo. Naquela aldeia passou a ser conhecido como o “menino de vermelho”.

Source
PARAFITA, Alexandre Antologia de Contos Populares Vol. 1 Lisbon, Plátano Editora, 2001 , p.209
Year
1999
Place of collection
Agrochão, VINHAIS, BRAGANÇA
Informant
Manuela Gândara (F), 45 y.o., Agrochão (VINHAIS),
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography