APL 1905 As Diabruras do Trasgo

Conta-se que numa determinada aldeia transmontana, havia um trasgo que habitava numa das casas mais abastadas, onde fazia a vida negra aos sucessivos donos, como castigo por, noutros tempos, alguém da família se ter apoderado de bens da igreja.
 Certa ocasião, um homem da aldeia, querendo armar-se em valente aos olhos das raparigas da casa, resolveu ir lá à noite desafiar o trasgo. Por isso, mal entrou, logo perguntou, num vozeirão que entoou em toda a casa:
 — Ora então, onde é que está esse tal diabo?
 Coisa pior não podia ter dito. Sobre a mesa estavam as malgas cheias de caldo, ainda a escaldar, e logo uma se esborraçou em pedaços indo cair todos os bocados na cabeça do homem, que de tão assustado correu pela porta fora. E o mesmo fizeram todos quantos lá estavam.
 Diz o povo que no dia seguinte, várias pessoas foram ver o que se tinha ali passado e encontraram as rendas das raparigas da casa todas entrelaçadas nas costas das cadeiras. E ninguém as conseguiu tirar direitas.

Source
PARAFITA, Alexandre Antologia de Contos Populares Vol. 1 Lisbon, Plátano Editora, 2001 , p.205
Year
1999
Place of collection
Macedo De Cavaleiros, MACEDO DE CAVALEIROS, BRAGANÇA
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography