APL 1703 O Seco do rio Sordo

O rio Sordo atravessa Arrabães e bai serpenteando os contrafortes da Freguesia, até chegar à Freguesia bizinha, que é a Cumieira. Separa a Freguesia de Torgueda da Freguesia de Mondrões e Parada de Cunhos e, nesse percurso, há uma zona em que o rio desaparece completamente. O rio entra numa falha geológica e, numa extensão sensibelmente de cinquenta metros, o rio desaparece completamente (antes da barragem do Sordo) e bolta a surgir mais abaixo.
 Essa zona chama-se o “O Seco”, exactamente porque não tem rio – é uma peculiaridade do nosso rio, porque, geralmente, onde o terreno é granítico, isso não acontece.
 Como o rio desaparece, o pobo, quando não tem uma explicação científica pr’às coisas, começa a imaginar histórias.
 Ali chama-se a mina do Sordo e quando o rio leba pouca água, principalmente os jovens, descem por cordas para essa mina, onde se diz que há bruxas e há mouras que dão bofetadas.
 Eles andaram a investigar e não encontraram as mouras nem as bruxas, mas se calhar elas não aparecem a toda a gente…
 Entretanto, como o rio ali é engolido pela terra e fica surdo, não se ouve, também se diz que o próprio nome do rio Sordo vem do Latim surdus e que deriva exactamente do facto de ele desaparecer ali e não se ouvir.

Source
AA. VV., - Literatura da tradição oral do concelho de Vila Real s/l, UTAD / Centro de Estudos de Letras (Projecto: Estudos de Produção Literária Transmontano-duriense),
Place of collection
Torgueda, VILA REAL, VILA REAL
Informant
Elisabete Matos (F), 62 y.o., Torgueda (VILA REAL),
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography