APL 3589 O rei mouro e as doze donzelas

Dizem os antigos que a norte da aldeia de Bousende, concelho de Macedo de Cavaleiros, viveram os mouros num sítio a que chamam Fragão. E que se refugiavam ali para verem melhor ao longe e se defenderem dos cristãos. Dizem também que nesse lugar abriram uma passagem secreta por debaixo da terra até à ribeira, onde levavam os animais a beber sem ninguém os ver.
    Ora, no sítio do Fragão há ainda hoje uma pedra em cima das outras, a qual era usada pelos mouros para comunicarem a grandes distâncias. Bastava que apuxassem e ela emitia um som muito forte. Conta-se também que este som era o sinal do rei mouro quando queria comunicar com os seus servos, e que, mal o ouviam, reuniam-se rapidamente para receberem ordens.
    Um dia o rei ordenou-lhes que fossem ter com os cristãos para lhes exigirem doze donzelas para o seu harém. Só que os cristãos não cederam. Travou-se então uma grande batalha. E diziam:
    — Espada nele! Espada nele!
    Diz-se que foi com este grito que os cristãos ganharam ânimo e venceram. Por isso aquela terra ficou com o nome de Espadanedo.

Source
PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros Vila Nova de Gaia, Gailivro, 2006 , p.248
Year
2001
Place of collection
Espadanedo, MACEDO DE CAVALEIROS, BRAGANÇA
Informant
Ermelinda Olívia Ferreira (F), 48 y.o.,
Narrative
When
12 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography