APL 2753 Juromênha
Suppõe-se que foi D. Diniz que lhe deu o seu brazão d’armas, o qual consiste em um escudo de prata, com um castello cercado d’agua, pendendo de cada lado de suas ameias, dois grilhões (um de cada lado). O castello e a agua são allusões á villa fortificada e ao Guadiana que a banha. Os dois grilhões, segundo uns, significam o privilegio que D. Diniz deu aos seus moradores, de não poderem ser mudados para outra cadeia fóra da villa, estando presos, sem que os tribunaes pronunciassem sentença final.
Segunddo outros, os grilhões alludem a que, em tempo dos romanos, n’este castello se prendiam e executavam os criminosos de delictos graves.
A terceira etymologia de Juromenha, querem muitos que seja pelo facto seguinte:
No tempo dos godos, um rico e nobre senhor, quiz expoliar sua irman Mégnia ou Mênha (não é preciso dizer que, ou Mégnia é alatinisando a palavra Mênha, ou esta lusitanisando aquella) das grandes riquezas que herdára de seus paes, (outros dizem que o tal senhor godo pretendeu ter amores incestuosos com a irman).
Qualquer que fosse o motivo, o irmão, vendo que dia não afonia às suas ambições, ou ao seu criminoso amor, a prendeu n’este, já então, fortissimo castello, a ver se ella, pelo desejo da liberdade, consentia em satisfazer os desejos do irmão; porém ella recusou-se heroicamente a isso, dizendo sempre – Jura Mênha que não – D’este Jura Ménha, é que muitos derivam Juromênha.
O que é certissimo é que uma das torres do castello se chama torre de Mênha. Diz-se que foi n’ella que esteve presa a tal donzela.
- Source
- PINHO LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Portugal Antigo e Moderno Lisbon, Livraria Editora Tavares Cardoso & Irmão, 2006 [1873] , p.Tomo III, pp. 329-330
- Place of collection
- Juromenha (Nossa Senhora Do Loreto), ALANDROAL, ÉVORA