APL 1054 A Fonte da Gralha
Era uma vez um capitão da guerra que vivia numa grandiosa fortaleza. Estava acompanhado por um grupo de soldados, a sua mulher e um filho.
Todos os dias, como forte e valente que era, se disponha a defender a sua fortaleza dos Mouros e a treinar os seus soldados. O seu maior desejo era fazer do filho, ainda muito novo, um guerreiro valente e destemido. Mas, apesar dos desejos do pai, o menino detestava armas e fugia o mais que podia aos treinos a que o queriam submeter.
O menino tinha um coração bondoso, tanto para com as pessoas como para com os animais. Não havia animal de que ele não gostasse. Até que acabou por se afeiçoar a uma gralha. A ligação entre eles era tão forte que a gralha passou a ser a sua melhor amiga.
O pai, enfurecido por o menino não se interessar pela arte da guerra, ameaçou matar a gralha se ele não deixasse de brincar com ela. Então, uma noite, quando todos dormiam, o menino pegou na gralha e resolveu fugir, para que o seu pai não matasse a sua amiguinha e não os separasse.
Muitos dias passaram. Todos estavam desesperados, as buscas foram em vão. Em todos os lados que procuravam não encontravam o menino. O pobrezinho tinha desaparecido e parecia que era para sempre. A mãe vivia num vale de lágrimas, o pai, arrependido do que dissera, mal conseguia olhar para a mãe.
Até que um dia, quando já não tinham qualquer esperança, encontraram o menino morto junto a uma fonte, num vale muito longe, com a sua fiel amiga gralha pousada no seu corpo morta também.
Desde aí e até hoje, aquela fonte ficou conhecida como a Fonte da Gralha.
- Source
- AA. VV., - Literatura Portuguesa de Tradição Oral s/l, Projecto Vercial - Univ. Trás -os-Montes e Alto Douro, 2003 , p.L25
- Year
- 2002
- Place of collection
- Riba De Ave, VILA NOVA DE FAMALICÃO, BRAGA
- Collector
- Sofia Gonçalves (F)
- Informant
- Maria Salgado (F), 64 y.o., Riba De Ave (VILA NOVA DE FAMALICÃO),