APL 1016 O penedo dos Mouros
Certo sapateiro ambicioso resolveu pegar no Livro de São Cipriano e ir numa noite de lua cheia ao Monte das Caldas. Pôs-se junto de um enorme penedo onde, segundo diziam os velhos, havia um tesouro escondido que pertencera aos Mouros. O sapateiro abriu o livro e começou a ler em voz alta. O penedo abriu-se em dois e o homem entrou. Ficou tão maravilhado com as riquezas que lá havia que nem notara o penedo a fechar-se e a prendê-lo lá dentro.
Como não voltasse a casa, a família resolveu chamar o padre e contar-lhe o que o sapateiro tinha feito. Este, no dia seguinte, pediu ao sacristão para o acompanhar com a caldeira de água benta e um raminho de alecrim até ao Monte das Caldas. Pararam junto do penedo, o padre benzeu o lugar, rezou três padre-nossos e três avé-marias e o penedo abriu-se em dois. O sapateiro saiu lá de dentro meio zonzo e o penedo voltou-se a fechar.
Levaram o homem para casa muito maltratado e, passada uma semana, ele morreu.
Constou-se pela aldeia que os Mouros lhe tinham dado tamanha pancada que o levaram à morte. Desde então ninguém mais quis arriscar-se a tentar a sorte.
- Source
- AA. VV., - Literatura Portuguesa de Tradição Oral s/l, Projecto Vercial - Univ. Trás -os-Montes e Alto Douro, 2003 , p.LM3
- Year
- 2000
- Place of collection
- Semelhe, BRAGA, BRAGA
- Collector
- José Leon Machado (M)
- Informant
- Francelina Machado (F), 67 y.o., Semelhe (BRAGA),