APL 2197 O bezerro de ouro

Numa ocasião, um homem muito ambicioso convenceu um padre das redondezas a irem os dois ao Castelo do Mau Vizinho quebrar o encanto do bezerro de ouro — aquele que dizem encontrar-se nas ruínas do castelo e, desse modo, resgatar o tesouro. A ideia era, em conjunto, porem em prática os rituais de desencantamento então em voga.
Para tal, muniram-se de uma panela com unguento humano e do famoso Livro de São Cipriano. O padre pôs a sua estola ao pescoço... e lá foram.
Chegados ao castelo, e enquanto o homem ambicioso segurava na panela do unguento, o padre iniciou as leituras. Mal acabou de ler, eis que lhes surge à frente um grande bezerro guiado pelo Demónio!
Diz a lenda que, perante tal visão, ficaram ambos tão apavorados que o unguento, em vez de escaldar o Demónio, foi escaldar o padre. E que ele, ao ver-se em tamanha aflição, ergueu as mãos e gritou:
- Valha-me Deus!
Com este “Valha-me Deus”, tudo voltou ao lugar. O silêncio caiu de novo sobre as ruínas do castelo. O bezerro e o Demónio desapareceram. Até hoje.

Source
PARAFITA, Alexandre O Tesouro dos Maruxinhos: Mitos e Lendas para os Mais Novos Lisbon, Oficina do Livro, 2008 , p.18
Year
2007
Place of collection
Cimo De Vila Da Castanheira, CHAVES, VILA REAL
Informant
António da Eira (M),
Narrative
When
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography