APL 3233 Lenda da Fonte Velha

É uma fonte de mergulho, muito antiga, talvez a mais antiga do Sardoal, que já em 1543 era chamada FONTE VELHA. A FONTE NOVA, situa-se mais à frente, no caminho das Madalenas, terá sido construída por volta de 1640.
    Não é utilizada há muitos anos, para consumo público, mas pelo desgaste provocado pelos cântaros no seu parapeito (mais de 10cm), pode-se imaginar a sua grande utilização pelos habitantes da Vila, em tempos recuados.
    Diz a lenda que no fundo da fonte existiam 2 lajes, cada uma com uma argola de ferro que permitia levantá-las e que quando a água estava límpida e sem lodo se podia ver. Estas lajes tapavam 2 compartimentos onde estavam metidos 2 cofres. Um guardava ouro e o outro guardava a peste, sem que se soubesse sem os abrir, o que cada um guardava. Porque isto se passa no tempo em que a peste era a doença mais temida pelo povo e, com a qual morria muita gente, nunca ninguém teve coragem para levantar as lajes e abrir os cofres.
    Mas um dia, diz a lenda, um rapaz pobre do Sardoal apaixonou-se por uma rapariga muito bonita, filha de pais muito ricos que não permitiam o seu casamento com alguém que não tivesse dinheiro e fazendas, à altura da sua fortuna. Sabendo do ouro que estava guardado na Fonte Velha, numa noite de Verão em que estava quase seca, o rapaz desceu ao fundo da fonte e destapou a laje onde se guardava a peste e abrindo o cofre viu que estava vazio. Logo depois tira a laje do outro compartimento e tira o cofre do ouro que traz consigo.
    A lenda não nos diz se ele casou ou não com a rapariga que gostava. O que nos diz é que a partir desse dia, o Sardoal que até aí sempre vivera sem a peste e em que todos os habitantes eram amigos e viviam felizes, passou a ser um inferno de doenças, zangas e zaragatas.
    Quando o povo soube que o tal rapaz tinha tirado o cofre do ouro da Fonte Velha, obrigou-o, pela força, a pôr lá o tesouro de novo, voltando a colocar a laje no seu sítio, e a paz voltou ao Sardoal, não voltando a haver peste. É que a água era a principal riqueza que havia e há na Fonte Velha, essencial para a vida de todos e a pior peste é a ambição desmedida, a inveja, a avareza e a discórdia.
    As lajes da Fonte Velha, diz a lenda, ainda lá estão, esperando-se que não voltem a ser mexidas.

Source
AA. VV., - Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas) Faro, n/a,
Place of collection
Sardoal, SARDOAL, SANTARÉM
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography