APL 3687 A lenda da Pala da Moura

Contam as pessoas mais velhas de Parada do Pinhão, concelho de Sabrosa, que do lado de lá do rio Pinhão há um abrigo feito de pedras enormes que era a entrada de um esconderijo dos mouros. Dão-lhe o nome de Pala.
    Dizem que os mouros esconderam ali um fabuloso tesouro, composto de dois potes de barro da altura de um homem, um cheio de ouro e outro de prata. E para que ninguém os roubasse, trabalharam de noite e de dia com picaretas e picos, e à luz da candeia. Por isso construíram minas e cavernas, e foram esconder o tesouro na mina mais profunda. Uma delas passava debaixo do rio e outra chegava até um castelo no lugar da Balsa, a cinco quilómetros para norte.
    Diz também o povo que ali vivia uma jovem moura, que saía da pala para tecer linho, o qual nas suas mãos ficava branco como a neve. Houve mesmo pessoas que afirmaram tê-la visto ao passarem numa madrugada de Primavera para a feira de Vilar de Maçada. Viram-na descer ao rio a buscar água num pote de barro e depois subir cantando em árabe. À entrada da pala poisou o pote e pôs-se a pentear os seus longos cabelos negros.
    Só que a moura, quando deu conta de um pequeno ruído causado por quem a estava a observar, desapareceu como que por encanto aos olhos de todos. Por isso aquela pala ainda hoje é conhecida por “Pala da Moura”.

Source
PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros Vila Nova de Gaia, Gailivro, 2006 , p.319-320
Year
2001
Place of collection
Parada De Pinhão, SABROSA, VILA REAL
Informant
António Carlos Silva (M), 42 y.o.,
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography