APL 235 Lenda da panela da peste
As tradições de Crestuma asseguram que, numa mina existente à beira-rio (que fazia, ao que se diz, a ligação subterrânea com o Castelo da Feira), havia um grande tesouro.
Porém, não era possível a qualquer apoderar-se de tais riquezas ou ao menos recolher uma parte delas, porquanto a mina estava guardada por uma panela pestífera.
Quem se aventurasse a violar os seus umbrais e a penetrar na mina seria invadido pelos vapores dessa panela secreta e não poderia regressar mais ao convívio humano pois o tipo de peste que dominava essa passagem tolhia os movimentos às pessoas.
Conta-se que uma vez um homem mais corajoso decidira aventurar-se e tomara o desígnio de entrar na mina para desvendar os seus mistérios.
No entanto, sucedeu que ficara por lá perdido, nunca mais vindo a saber-se dele.
O Abade de Baçal, nas suas «Memórias», Tomo x, pág. 175, fala também a propósito do étimo Agrela num grande tesouro que existia nos termos de Aveleda que tinha junto dele uma mina de peste que, abrindo-se, matava meio mundo e, por isso, ninguém se aventurava a ir em busca do tesouro.
- Source
- VALLE, Carlos Revista de Etnografia 26, Tradições Populares de Vila Nova de Gaia - Narrações Lendárias Porto, Junta Distrital do Porto, 1969 , p.424-425
- Place of collection
- Crestuma, VILA NOVA DE GAIA, PORTO