APL 1706 Lenda da Moura Encantada

Contabam minhas avós,
Era lenda com certeza,
Que uma Moura Encantada
Possuía grande riqueza.

Perto desta região,
Lá na ponte da Aradeira,
Há ainda um fragão,
Onde a Moura é prisioneira.

Era em noite de luar
Que lababa no ribeiro,
A meia-noite a passar,
Regressaba ao catibeiro.

Figuraba-se de cobra
Com os cabelos dourados,
Picando-a era a manobra
De seus encantos quebrados.

E no tempo da pobreza,
Tanta gente assim sonhou,
Para adquirir tal riqueza,
Mas ninguém se aventurou.

Tinha de ir um cavalheiro,
Aquela hora tardia,
Sozinho sem candeeiro,
Pois só, o desencanto faria.

O lugar era escuro,
Entre o monte e o penedo,
Por mais forte e muito duro,
Sempre o homem teve medo.

Se com uma picadela
Na cobra sangue fazia,
Quebrava o encanto dela
E uma mulher aparecia.

A Moura, por gratidão,
Lhe oferecia o tesouro,
E livre da escravidão
Lhe doaba todo o ouro.

Não sei se berdade era,
Ou se de longe se mente,
A Moura está à espera
De um dia bir a ser gente.

Source
AA. VV., - Literatura da tradição oral do concelho de Vila Real s/l, UTAD / Centro de Estudos de Letras (Projecto: Estudos de Produção Literária Transmontano-duriense),
Place of collection
Campeã, VILA REAL, VILA REAL
Informant
Ana Maria Súcio (F), 61 y.o., Campeã (VILA REAL),
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography