APL 453 As mouras
Mnha ti’Rosa, duma òcasieo, era pecanina e foi às gestas com outras catchopinhas, prà Senhôra do Pé da Cruz, e incontrou lá ma moura qu’era ma mulher muito pecanina e muita linda c’o cabelo louro a pantear-se e c’umas poucas de meadas stindidas num barroco. Parecia ma sentinha.
Cando viu as catchopinhas, fugiu pró incanto e elas com medo fugiram tamém. Levou as meadas e no a tornaram a ver. Dòtra vez, diz qu’a um homa tamém l’aparecê ma moura. Cand’o viu botou a fugir e lovou as meadas, mas dêxou cá fora do barroco a ponta do fio d’ouro, qu’era ma requeza qu’ê sê lá. O homa era muito povre e tinha sete filhos pecaninos e viu log’ali a requeza. Puxou por o fio, puxou, mas no tinha com qu’o cortar, nim pedras, nim travisco, nad’ô cortava. Já s’ele desgraciava a tchorar:
— Ai eu, qu’atchei ma requeza e no a posso lovar!
Foi atão a correr, a vusquér ma faca, mas cando voltou já nada lá stava.
- Source
- BUESCU, Maria Leonor Carvalhão Monsanto, Etnografia e Linguagem Lisbon, Editorial Presença, 1984 [1958] , p.137
- Place of collection
- Monsanto, IDANHA-A-NOVA, CASTELO BRANCO
- Informant
- Antónia do Poço (F), Monsanto (IDANHA-A-NOVA),