APL 3629 A velha e o carvão

Uma velhota de Vila Verdinho, concelho de Mirandela, andava um dia a guardar umas ovelhas num campo pegado à aldeia, quando lhe apareceram três mouras a pedirem-lhe um pouco de leite para matarem a sede.
    A velhota, como era pessoa bondosa, foi logo mugir as ovelhas, deu o leite a beber às mouras e ainda lhes ofereceu parte da merenda que tinha consigo. As mouras agradeceram e uma delas pega então nuns pedaços de carvão e dá-lhos como paga, dizendo que os guardasse até casa e que não se arrependeria.
    Ela guardou os pedaços de carvão no avental, mas, quando ia a caminho de casa, com medo que o marido viesse a saber que tinha dado o leite às mouras, resolveu atirá-los fora. Mais tarde, já em casa, ao sacudir o avental, viu que uns restinhos do carvão se tinham transformado em bocadinhos de ouro. O marido, que estava ao pé, ficou muito admirado, obrigando-a a contar tudo. Soube então da história do carvão e logo trataram de ir os dois, muito ligeiros, à procura dos bocados que ela tinha atirado fora no caminho.
    Mas já nada encontraram. Há quem diga que ainda lá andam, para cá e para lá, a saber do carvão.

Source
PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros Vila Nova de Gaia, Gailivro, 2006 , p.280
Year
2000
Place of collection
MIRANDELA, BRAGANÇA
Informant
Olímpia da Ressurreição (F), 92 y.o.,
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography