APL 1803 [A Moura Encantada]
Era uma vez, um rei mouro, aqui à muitos anos, quando eles estavam instalados no Algarve. E tinha uma filha, e essa filha pensou em namorar um algarvio mas o rei não queria, queria que ela casasse com um mouro. O pai não queria que, não, de maneira nenhuma e estava sempre a adverti-la que não queria, mas ele depois mais tarde foi ter com o seu conselheiro [para este o aconselhar] e dizer o que fazia. O conselheiro disse que não sabia o que é que lhe havera de fazer; nesse particular o pai é que tinha de mandar. Ele… depois diz o pai:
- Pois, com certeza terei de encantá-la.
E então, no outro dia, ou no outro, foi ter… e disse ao conselheiro que iriam levá-la para uma gruta do Serro da Cabeça que ainda hoje ninguém sabe onde é, ninguém descobriu e lá a puseram e (levaram) no outro dia levaram o tesouro porque ela não podia ficar sem meios nenhuns, mesmo encantada. [risos,…] No outro dia, depois, mas quando chegou lá, o rei ainda lhe disse, (o rei disse que ainda…) pois o rei ainda disse (que…) se ela queria voltar atrás, que voltava atrás e ela disse que não, que estava enamorada p’lo algarvio [e] que não.
O pai, quando pôs lá o tesouro e a deixou lá disse que só seria desencantada quando houvesse um pessoa que desse sete voltas ao Serro da Cabeça pelo pino da meia-noite. Mas, até hoje, não houve ninguém que desse, que desse as sete voltas, nem que descobrisse quais era a gruta.
- Source
- AA. VV., - Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas) Faro, n/a,
- Year
- 1996
- Place of collection
- Moncarapacho, OLHÃO, FARO
- Collector
- Carla Santana (F)
- Informant
- Amália Rodrigues (F), 80 y.o., born at Moncarapacho (OLHÃO),