APL 548 A fada do cabeço de carvão
Dizem alguns que se alguém desse sete voltas e meia ao Cabeço do Carvão, da meia-naite à uma hora da madrugada, sem olhar para trás, abrir-se-ia uma porta do Palácio Colossal, com divisões sem fim. E quem entrasse teria de levar um longo calabro a cingi-lo à cintura.
Uma das pontas teria de ficar no exterior porque se não fosse assim, como são muitas as divisões ninguém daria com a parta de saída e ficaria encantada no lugar da Moura. Está lá uma Moura elegante, graciosa, coberta de esmeraldas, safiras e rubis, que passeia com o visitante mas não lhe fornece informações para tudo a que viu. A Moura encantada presenteia sempre quem a visita.
De uma vez disse a um ganhão, despedindo-se dele à porta: “Toma uma bolsa de passas de figo muito boas”. Quando a porta se fechou atrás de si ele disse: “Ainda bem que tenho ali na cabaça uma pinga de aguardente e se as passas prestarem, com este frio de Dezembro será muito bom.”
Quando foi para comer as passas estas transformaram-se em moedas de ouro. Olhou para o saco e dentro dele havia passas e não moedas de ouro. Tentou outra vez e então reparou que quando ia para trincar as passas estas se transformavam em moedas de ouro.
Pouco depois viu-se com um saco cheio de moedas de ouro. Regressou a Alcains e o ganhão que era pobre tornou-se rico.
- Source
- MOURA, José Carlos Duarte Contos, Mitos e Lendas da Beira Coimbra, A Mar Arte, 1996 , p.9-10
- Place of collection
- Alcains, CASTELO BRANCO, CASTELO BRANCO