APL 2561 História da Moura do Castelo de Tavira
É uma lenda que eu ouvia contar, e que contam os mais velhos, que no castelo de Tavira, existia uma moura encantada, que na noite de São João aparece e chora o seu destino, dizem os mais antigos que é todos anos, de há muito tempo que isto acontece. Os mais antigos, as pessoas mais velhas diziam que a moura era filha de um homem muito rico que governava a cidade na altura em que Tavira foi conquistada pelos cristãos. Tavira era de um reino mouro e então quando foi conquistada, este governador desapareceu depois de encantar a filha, porque ele fugiu mas não levou a filha com ele. O mouro depois mais tarde queria voltar a conquistar Tavira, portanto a cidade, para levar a sua filha que tinha cá ficado, que era muito infeliz, mas nunca conseguiu. A moura ficou aprisionada no castelo durante anos, anos e anos. E naquela noite de São João ela chorava sempre, e acho que as pessoas que moravam ali por perto do castelo ouviam o seu choro e a sua tristeza. Um dia apareceu, dizem, que apareceu um príncipe que viu a moura através das grades do castelo, lá em cima naquela parte superior do castelo. Ficou tão encantado com a sua beleza, e ele sabia que ela estava lá aprisionada, que tentou livrá-la do encantamento mas, nas várias tentativas que fez, foi muito difícil porque o castelo estava numa zona muito alta e eram tão difícil lá chegar que eles passavam horas e horas a tentar subir o castelo. Eles começavam a fazer isso à noite, mas como levavam muito tempo, quando amanhecia acabava-se o poder de desencantar a moura, portanto assim que, a moura só podia ser desencantada durante a noite e para isso eles nunca o conseguiram fazer porque levavam muito tempo até chegar a ela, e nunca a moura foi desencantada. A tristeza dela foi tão grande por não conseguir sair daquele castelo onde vivia muito triste, a tristeza foi tão grande, que desapareceu numa nuvem e nunca mais ninguém a viu.
Dizem as pessoas que, mas as pessoas continuam a acreditar que ela esta lá encantada só que antigamente viam, lá através das grades do castelo, e a partir daquele dia, da tentativa do príncipe a salvar, as pessoas deixaram de a ver mas as pessoas da aldeia ainda acreditavam que ela estava lá no castelo.
- Source
- AA. VV., - Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas) Faro, n/a,
- Year
- 2008
- Place of collection
- TAVIRA, FARO
- Collector
- Helena Isabel Sousa (F)
- Informant
- Edelmina Sousa (F), 50 y.o., born at OLHÃO (FARO),