APL 835 A moura do Cabeço dos Calvos

Uma moura morava no Cabeço dos Calvos. Fiava e deixava a estopa em casa. Ia passar os serões à Murteira e, quando voltava a casa, a estopa estava toda fiada. Ela tinha também o costume de deixar na pedra do lar um bolo sem sal. Quando lá chegava, além de a estopa estar fiada, o bolo não estava lá. As mulheres da Murteira aconselharam-na a experimentar a pôr sal no bolo a ver o que acontecia.
 Um belo dia, ela pôs sal no bolo e foi à Murteira. Quando voltou a estopa estava toda por fiar, como ela a tinha deixado e o bolo estava no mesmo lugar. Ao lado, na pedra do lar, estava um cão preto deitado. A moura teve medo, foi-se embora para a Murteira, onde ficou a viver e não voltou mais à casinha dela. Era uma moura que estava por ali encantada. Na Murteira arrendou um palheiro no lugar que se chamava “O cabeço dos Calvos”. Como ela lá ficou a viver, chamam-lhe “A Calva” e ainda hoje na Murteira chamam “a porta da Calva”.

Source
VILHENA, M. Assunção Gentes da Beira Baixa Lisbon, Colibri, 1995 , p.101-102
Place of collection
PROENÇA-A-NOVA, CASTELO BRANCO
Informant
Alfredo Dias (M), 71 y.o., PROENÇA-A-NOVA (CASTELO BRANCO),
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography