APL 1062 Um enorme penedo

Corria de feição a construção da ponte quando, a certa altura das escavações, apareceu um enorme penedo que era preciso retirar. Não era que não desse boas pedras — que para tal poderia ser aproveitado — mas o sítio para levar a cabo a sua transformação não era o adequado. Metade em terra, metade no rio e a falta de tudo dificultavam sobremaneira o seu aproveitamento. Chamados os homens mais fortes há que abraçar o penedo com grossas cordas, flanqueá-lo com pancas do mais duro carvalho e, ombros encostados, todos ao mesmo tempo e ao som de upas iniciaram a sua deslocação. O certo é que, apesar da força e de todo o saber aplicado, o penedo nem se mexia. Mais homens foram chamados, mais força aplicada e o penedo parecia cosido ao chão. Desmotivados e desanimados os homens foram contar a Frei Gonçalo o que se estava a passar.
 O velho frade ergueu os olhos ao céu, balbuciou algumas palavras e, agarrando no seu cajado, caminhou até ao penedo. Chegado ao local olhou para a enorme pedra, olhou para os trabalhadores e para o céu e colocando a mão sobre ela disse sorrindo:
 - Para esta a força de um velho basta.
 Empurrando-a com a mão e tocando-a com o cajado foi-a deslocando e guiando até ao local escolhido como quem guia um cevado.
 Todos ficaram boquiabertos, assombrados pois não entendiam como é que o velho frade tinha mais força numa mão que eles todos juntos. Gritaram milagre...milagre e a todos que por aquelas bandas passavam, contavam este prodígio.

Source
PATRÍCIO, António Lendas de S. Gonçalo e de Amarante Amarante, Paróquia de S. Gonçalo, 2009 , p.34-35
Place of collection
Amarante (São Gonçalo), AMARANTE, PORTO
Narrative
When
13 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography