APL 730 Lenda de Santa Maria Adelaide (A)

Havia uma mulher em Barcos, chamada Maria Adelaide, que sofreu muito em vida. Era muito religiosa, mas tinha um homem que era muito mau para ela, tão mau que nem à missa a deixava ir. Diz que morreu ao ser empurrada por ele para dentro de um poço.
 Ao cabo de sete anos de estar sepultada, e como era costume, foram lá abrir a cova para sepultar outra pessoa da família. Ora, o coveiro, que era cunhado dela, ao espetar o ferro na sepultura, ouviu uma voz vinda de lá do fundo que disse:
 — Não me mates!
 Depois foram a ver o corpo e descobriram que ela ainda estava inteira. A terra não a tinha comido. O cabelo continuava a crescer e as unhas também. Foi colocada num mausoléu, onde muita gente vai rezar. O cabelinho e as unhas ainda lhe continuam a crescer e há lá uma senhora que tem de lhas ir cortar de vez em quando.
 É adorada como santa, mesmo contra a vontade dos padres. Chamam-lhe a Santa Maria Adelaide. Uma senhora que tinha uma filha desenganada dos médicos prometeu que, se ela curasse, a iria lá vestir de noiva. É como está, com sapatinhos e tudo.

Source
PARAFITA, Alexandre Património Imaterial do Douro - Narrações Orais (contos, lendas, mitos) Vol. 1 Peso da Régua, Fundação Museu do Douro, 2007 , p.133
Place of collection
Barcos, TABUAÇO, VISEU
Collector
Alexandre Parafita (M)
Informant
Etelvina da Conceição (F), 76 y.o., Barcos (TABUAÇO),
Narrative
When
21 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography