APL 2750 Gruta – Ermida de Nossa Senhora do Carmo

Na linha superior da montanha, a poucos metros ao E. de uma pyramide geodesica, está a capellinha de Santa Catharina, que deu o nome á serra.
Esta ermida está hoje despresada e em ruinas; apesar de ter uma irmandade com alguns fundos.
Em volta d’ella se vêem muitos milhares de carradas de pedra miuda, que parece serem os restos de antiquissimas construcções, e ha vestigios de ter sido cultivado em remotas eras este sitio.
A poucos metros ao S. da capella, ha um grupo de penedos, sendo um d’elles escavado no centro, á maneira de pia irregular e com um buraco em uma das paredes que olha para o O. Chamam a esta pia, a cama de Santa Catharina, e a elle anda ligada a seguinte tradição:
Em tempos remotos, pastoreava a Santa Virgem, por estes desertos, numerosos rebanhos. De dia, reclinada á sombra d’aquellas rochas, e de noite, deitada no seu tosco leito de granito, era a atalaia vigilante dos povos christãos, contra os mouros, que então dominavam a Lusitania.
Uma noite viu ella que uma numerosa legião de mouros, à luz de fachos, descia sobre Guimarães. Santa Catharina, para subtrahir o povo da villa aos horrores de uma batalha e um saque, com todas as suas crueldades, lembra-se de um plano – ata vellas accesas nas pontas de suas cabras, e dirigindo-as com o seu bordão, as obriga a descer a montanha, quasi em fôrma. Os mouros, julgando ser um grande exercito de christãos, fogem em tropel, deixando em paz a povoação de Guimarães, a cujas portas já estavam.

Source
PINHO LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Portugal Antigo e Moderno Lisbon, Livraria Editora Tavares Cardoso & Irmão, 2006 [1873] , p.Tomo III, p. 329
Place of collection
GUIMARÃES, BRAGA
Narrative
When
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography