APL 1057 Gonçalo e os pardais
Em data não precisa, no que respeita não só ao dia mas também ao mês e ano, os pais de Gonçalo Pereira, menino em idade de brincar, tiveram necessidade de ir a uma romaria a S. Paio de Vizela, aldeia próxima de sua residência, não só para fazerem algumas compras mas também para venerarem o santo padroeiro. Como, logo de manhã cedo, tivessem posto o milho-alvo na eira para secar visto estar um dia soalheiro, chamaram o filho Gonçalo e incumbiram-no de vigiar o milho para que os pardais e os outros pássaros não o comessem.
Gonçalo prometeu cumprir com as recomendações do pai mas também queria ir à festa. Deixou que os pais saíssem e começou a pensar como é que haveria de ir à romaria sem deixar que os pardais comessem o milho.
Pensou, tornou a pensar e sem demoras descobriu como ir à festa.
Começou a chamar todos os pássaros que havia por ali e meteu-os todos no alpendre fechando a porta com todo o cuidado.
Guardados os pássaros meteu pés ao caminho e foi à festa. Seus pais encontraram-no e ficaram muito zangados por ele ter abandonado o milho na eira à sorte da passarada, apesar de Gonçalo os acalmar e lhes contar o que havia feito.
Não acreditaram e sem grandes demoras voltaram para casa.
Ao chegarem à eira verificaram que o milho estava muito bem espalhado, muito sequinho e nem um pardal à vista. Estavam todos presos no alpendre.
Seu pai pensou logo em apanhar uns quantos para fazer uma refeição mas Gonçalo foi a correr e abriu-lhes a porta dizendo:
- Fujam passarinhos.
Não ficou um que fosse e, de novo, todos gozaram de liberdade.
- Source
- PATRÍCIO, António Lendas de S. Gonçalo e de Amarante Amarante, Paróquia de S. Gonçalo, 2009 , p.24-25
- Place of collection
- Amarante (São Gonçalo), AMARANTE, PORTO