APL 2237 D. Loba

Vivia D. Lopa numa casa em Linhares. Era muito boa. Tinha uma criada de quem gostava muito, mas era o Diabo, sem a ama o saber.
 D. Lopa achou-se doente e precisava de se confessar. Por milagre de Deus, apareceu no povo um frade, que era Santo António, mas ninguém o sabia. D. Lopa quis confessar-se a ele, mas o frade disse-lhe que só a confessava se ela mandasse embora a criada.
 — Isso não faço eu, que é a melhor criada que tenho tido.
 — Venha cinza ou farinha.
 Veio a cinza, a criada passou por cima e ficou assinada na cinza a forma do pé de cabra do Diabo. O santo fez-lhe os exorcismos e ele desapareceu e arrebentou lá fora, ao pé de uma figueira. Disse: APRA! («apre») e esta palavra ficou gravada numa pedra da calçada. Na tal casa está a imagem de Santo António num nicho, em alusão à lenda.

Source
VASCONCELLOS, J. Leite de Contos Populares e Lendas II Coimbra, por ordem da universidade, 1966 , p.655
Place of collection
Linhares, CARRAZEDA DE ANSIÃES, BRAGANÇA
Narrative
When
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography