APL 276 S. Cristovam na Lua

Quando Nosso Senhor Jesus Cristo andava pelo mundo, em companhia de S. Pedro, adregava muitas vezes pernoitar em casa de um homem chamado Cristovam, que era um fiel observador dos preceitos de Deus.
 Em um dia disse Pedro: «O’ meu Divino Mestre; este Cristovam é um bom homem e um santo varão, que, pelas suas boas obras, certamente alcançará o Reino dos Céos! «Sim, respondeu o Senhor, se ele até á sua morte se não desviar do bom caminho e não ofender as leis divinas».
 Sucedeu, porem, que, em um domingo, indo Cristovam a uma sua horta, notou que os coelhos a assaltavam e lhe roiam o feijoal e outras sementeiras. Para obstar á entrada na horta dos damninhos estragadores do fructo do seu trabalho, pegou numa roçadoura e cortou um balsêdo, de cujas balsas fez um mólho que levou enfiado em um páu, ás costas, para tapar o sitio por onde os coelhos entravam para a horta. Nesta ocasião passava por ali Jesus e Pedro, dizendo o Senhor ao ver Cristovam com o mólho de balsas ás costas: «Vês, Pedro? Não pode Cristovam entrar no Céo porque não cumpre a lei de Deus, que prohibe o trabalho ao domingo que é o dia do Senhor.»
 Cristovam, caindo em si prostrou-se arrependido aos pés de Jesus, pedindo perdão do pecado que irreflectidamente cometera.
 Jesus disse-lhe que Deus lhe perdoaria visto que não houve por parte de Cristovam a intenção de o ofender, mas sómente um esquecimento; e que para o futuro, para que os homens tivessem sempre em lembrança que não deveriam nunca trabalhar ao domingo, Cristovam seria colocado na lua, com o feixe de balsas ás costas, para servir de exemplo.
 E’ por isso que, ainda hoje, quando á a lua cheia, se vêem n’ela numas sombras que se assemelham a um homem com um mólho de mato ás costas, enfiado n’um páu. E’ S. Cristovam carregado com balsas que roçara ao domingo!