APL 2113 O Morcego

Havia em tempos uma mulher muito má. Fazia um capricho especial em trabalhar nos dias consagrados ao culto, e em fazer trabalhar as pessoas ao seu serviço. Em véspera de uma grande festa preparou ela tudo aquilo que julgou suficiente para obrigar os seus serviçais a trabalhar no dia seguinte. Deitou-se à noite, mas no dia seguinte não foi encontrada na cama. Foi procurada durante todo o dia, sem se dar com o seu paradeiro. A noite foi vista uma grande ave negra a voejar, pretendendo entrar pela janela no quarto da lavradeira. Não lhe sendo possível por estar fechada, voltou nas outras noites até que conseguiu entrar. No dia seguinte foi encontrada a ave negra morta sobre a cama da mulher má. Daí resultou dizer-se que a mulher fora transformada em morcego, que assim se ficou chamando a referida ave.

Source
OLIVEIRA, Francisco Xavier d'Ataíde Contos Tradicionaes do Algarve, Vol. II Porto, Typographia Universal, 1905 , p.461
Place of collection
Algoz, SILVES, FARO
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography