APL 2187 A procissão das almas (a)

Na rua da Umbria vivia em tempo uma mulher muito boazinha, e que não era de mentiras. Um dia levantou-se cedo para ir p’rô pégo, e ô depois, quando ela vê uma procissão. E vai a mulher e mete-se na procissão. E depois deram-lhe uma vela e a mulher aceitou. A mulher sempre metida na procissão deu uma volta á roda da Senhora da Assumpção (capela que serve de matriz em Ourique). E depois desapareceu tudo. E a mulher muito admirada veio p’ra casa. Quando foi olhar a vela, estava uma canela de defunto. Á noite estava ela ô lume: trás, trás (á porta).
 — Quem está ahi?
 — Faz favor de me dar o que trouxe ontem á noite!
 E a mulher meteu a canela pela gateira.
 — P’ra outra vez faz favor de se não meter onde não fôr chamada.

Source
DIAS, Conceição Tradições Populares do Baixo Alemtejo (RL XX) Lisbon, Livraria Clássica Editora, 1917 , p.132-133
Year
1916
Place of collection
Ourique, OURIQUE, BEJA
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography