APL 3254 Leiria

Leiria foi, em 715, conquistada aos godos, pelos mouros, commandados por Muça e Tarife.
D. Fruela I a reconquistou em 753; mas Mahomet, rei de Córdova, a tornou a occupar em 850, estando em poder dos mouros até ao fim do anno de 1134, em que D. Affonso Henriques lh’a tomou e lhe construiu o castello, com suas torres e baluartes, cercado de muralhas e edificado sobre um penhasco.
Em 1140, andando D. Affonso I occupado com a guerra que lhe movia D. Affonso VII de Leão, e sendo primeiro alcaide d’este castello D. Payo Guterres, cahiu sobre elle Ismario, ou Ismar, rei de Córdova, (o que tinha sido vencido na gloriosa batalha de Ourique) e o tomou, apesar da heroica resistencia dos portuguezes.
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Não poude o rei resgatar logo o seu castello de Leiria; mas apenas se viu livre das guerras com os leonezes, veio, no fim do anno de 1140, pôr cêrco ao castello, tomando-o no principio de 1141.
D. Affonso I, apenas soube da tomada de Leiria, fez as pazes com o primo, por intervenção de D. João Peculiar, arcebispo de Braga, e correu a libertar Leiria.
Segundo a lenda, é d’este cêrco que datam as armas de Leiria, porque, estando o exercito portuguez acampado em um alto visinho, que desde então se ficou chamando Cabêço de Rei, appareceu, sobre um alto pinheiro, um corvo, que não cessava de bater as azas e grasnar. Ordenado o assalto redobrou o corvo os seus gritos e movimentos, o que os christãos tomaram por bom agouro, e investindo o castello com grande furia e confiança, o tomaram em poucos momentos, apesar da heroica resistencia dos mouros. Foi em memoria d’este successo que Leiria tomou por armas, em escudo de prata coroado, um castello, sobre campo verde, entre dois pinheiros, cada um com seu corvo em cima, e na parte superior do escudo duas estrellas de ouro. Parece que no principio estas armas constavam só de um pinheiro com um corvo em cima, e depois se modificaram como primeiro as descrevi, que é como se acham na Torre do Tombo.