APL 1001 O pescador sugado

Pela madrugada, um pescador, ao dirigir-se para o seu barco de pesca, encontrou no caminho uma mulher. Ela cumprimentou-o e ele, que a conhecia, respondeu-lhe ao cumprimento seguindo à vida.
No dia seguinte, mais ou menos à mesma hora, o pescador, na sua rotina, encontra a mulher a falar com um homem de rabo. A mulher, quando deu pelo pescador, chamou-o e disse:
− Não digas a ninguém que me viste, porque, se isso acontecer, não durarás muito tempo. Haverás de ser sugado.

O pescador, com medo, prometeu que não diria a ninguém.
Os pescadores, ao fim de semana, dirigiam-se à taberna mais próxima e desafogavam em vinho tinto os perigos por que tinham passado nos dias anteriores no meio do mar. O mesmo acontecia com este.
Quando chegou a casa, descaiu-se e contou à esposa que tinha visto fulana no meio da rua a conversar com um homem de rabo que mais parecia o diabo e que ela lhe tinha pedido para não dizer nada a ninguém, pois, se isso acontecesse, seria sugado. A esposa riu-se dele e chamou-lhe bêbedo.
No dia seguinte, à hora de levantar da cama para ir à faina, a esposa deu com o marido sugado.
Moral da história: Nem tudo o que se sabe se pode dizer.

Source
AA. VV., - Literatura Portuguesa de Tradição Oral s/l, Projecto Vercial - Univ. Trás -os-Montes e Alto Douro, 2003 , p.HD1
Year
2000
Place of collection
Póvoa De Varzim, PÓVOA DE VARZIM, PORTO
Collector
Ana Rosa Marques dos Santos (F)
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography