APL 2232 São Gonçalo de Amarante

São Gonçalo para fazer a ponte mandou pedir dinheiro a um usurário; este disse que não. O santo mandou lá um papel e disse que lhe mandasse ao menos o peso do papel em dinheiro. O usurário pôs o papel no prato da balança e começou a deitar dinheiro no outro prato mas, por milagre, o papel pesava tanto que ao usurário não lhe chegou o dinheiro.
 São Gonçalo de Amarante um dia precisou de uns bois para conduzir pedra para a ponte. Andava uma mulher nuns campos guardando uns touros que ali trazia a pascer, e São Gonçalo chegou-se a ela, pedindo-lhos. A mulher (que estava fiando uma maçaroca de linho) advertiu-o de que não tinha dúvida nisso, mas que eles eram muito bravos e não tinha ali com que prendê-los.
 São Gonçalo disse-lhe:
 — Não tem dúvida; dá cá um fio dessas tuas linhas e levarei os touros.
 A mulher satisfez, mas admirando-se muito do que viu. Foram, pois, os touros; e ao vir entregá-los disse-lhe São Gonçalo:
 — Tu queres os touros como vêm ou como estavam?
 A mulher disse:
 — Quero-os como estavam.
 São Gonçalo trazia-os mansos, mas soltou-os e ficaram bravos como eram.

Source
VASCONCELLOS, J. Leite de Contos Populares e Lendas II Coimbra, por ordem da universidade, 1966 , p.642
Place of collection
Paços De Ferreira, PAÇOS DE FERREIRA, PORTO
Narrative
When
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

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