APL 3267 Lorvão

O abbade João [do mosteiro de Lorvão] tio de D. Ramiro I, de Leão, e no reinado d’este monarcha (848) fez grandes serviços á patria, como guerreiro illustre que era. Defendeu heroicamente a praça de Monte-Mór-Velho do rei mouro de Córdova, Abd-el-Raman; submetteu os condes rebeldes, Alderêdo e Pinelo; e derrotou os mouros, junto a Viseu.
Por esse mesmo tempo, o rei mouro Zulema, e o renegado Garcia Janhes, em vingança da resistencia de Monte-Mór-Velho, appareceram com um formidavel exercito, a cercar esta praça apertadamente.
Estavam os monges em oração e a guarnição em risco de morrer á fóme; mas decidida a vender caras as suas vidas; para o que, depois de matarem todas as pessoas inuteis para a guerra, sahiram da villa, rompendo por entre os mouros, que, ficando aterrados de tamanha audacia, se desordenaram, sendo completamente derrotados pelos christãos.
Segundo a lenda – quando os lusitanos entraram na praça, acharam vivas todas as pessoas que tinham morto.
O abbade João passou o resto dos seus dias no logar (hoje villa) da Batalha, e alli esteve seu corpo até que, em 1142, fundando D. João I o famosissimo mosteiro de Nossa Senhora da Victoria, para elle foram transferidos os seus ossos.
O bispo Lucencio, a quem se attribue a fundação do mosteiro de Lorvão, falleceu em Coimbra, a 10 de abril de 580.

Source
PINHO LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Portugal Antigo e Moderno Lisbon, Livraria Editora Tavares Cardoso & Irmão, 2006 [1873] , p.Tomo IV, p. 444
Place of collection
Lorvão, PENACOVA, COIMBRA
Narrative
When
9 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography