APL 1438 Coroa do Espírito Santo

Há anos atrás, os florenses e os corvinos deslocavam-se de uma ilha para a outra em pequenos barcos para fazerem os seus negócios ou para visitarem parentes e amigos.
 Uma vez vinha uma embarcação de Santa Cruz das Flores para o Corvo e, durante a viagem, o mar transtornou-se, apesar de terem saído com bom tempo. Quando chegaram, não puderam entrar no porto porque o mar já estava muito bravo. O cais nessa altura era lá adiante ao pé dos moinhos, o Porto Novo. O mestre do barco, vendo que não podia fazer serviço ali, mandou remar para o Porto da Casa, com esperança de que lá, com a abrigada da terra, o mar estivesse mais manso e conseguissem entrar. Ao chegar, viu que o mar ainda estava pior e que também não podia fazer serviço ali.
 As pessoas do Corvo, vendo o perigo, tinham-se juntado em Cima da Rocha e em baixo ao pé do mar, mas sem nada poder fazer para ajudar os que estavam no barco. Alguns rezavam, outros choravam e lamentavam-se porque adivinhavam que o barco ia bater contra as pedras ou ia afundar-se e morriam os que vinham lá dentro.
 Algumas pessoas com muita fé no Espírito Santo lembraram:
 — Vamos buscar a coroa e vamos trazê-la aqui para Cima da Rocha. Pode ser que o Senhor Espírito Santo faça um milagre...
 E foram. Trouxeram a coroa de prata que era usada nas festas do Espírito Santo e, com muita fé, pediram o seu auxílio.
 Assim que a coroa ficou à vista do mar, imediatamente as vagas se acalmaram e a mar ficou sereno. A embarcação entrou sem nenhuma dificuldade. Aquilo é que foram abraços de alegria e ouviam-se muitas palavras de agradecimento ao Espírito Santo por mais uma vez ter vindo em seu auxílio.

Source
FURTADO-BRUM, Ângela Açores: Lendas e outras histórias Ponta Delgada, Ribeiro & Caravana editores, 1999 , p.291
Place of collection
Corvo, CORVO, ILHA DO CORVO (AÇORES)
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography