APL 1913 [A pomba que levantava a água]
Tinham um tanque grande onde guardavam a água para regar, e todas as noites a água desaparecia.
E ele vai para lá guardar [a ver] quem vinha levantar o tanque. E vê vir uma pomba que vai ao poço. A pomba foi-se embora outra vez e foi para lá ao outro dia. Ao outro dia disse:
- Espera aí, eu vou apanhar a pomba.
E levou daqueles paus com um ferro à frente e quando viu a pomba, a pomba foi levantar o poço abaixo e ele picou a pomba.
E quando picou a pomba, apareceu uma mulher nua, que era a mulher do vizinho. E ele tira o capote, enrola a mulher e chega lá ao vizinho e disse:
- Ouve lá, a tua mulher está em casa?
- Está aqui na cama.
Diz ele:
- Não, vê lá se ela está!?
- Ai! Não está aqui!
- Olha, pega lá a tua mulher. Era ela que andava a levantar a água.
Entregou-lhe a mulher desmaiada, embrulhou-a no capote.
[Questino:] - E porque é que a mulher fazia isso?
- Era com inveja da água dos vizinhos, levantava (como se chamavam as bruxas antigamente).
- Source
- AZEVEDO, Ana A Literatura Oral na Comunidade Emigrante Portuguesa em Montreal Faro, Universidade do Algarve, 2002 , p.# 135
- Year
- 2001
- Place of collection
- VILA REAL, VILA REAL
- Collector
- Ana Azevedo (F)
- Informant
- Manuel António Vilela (M), 53 y.o., born at VILA REAL (VILA REAL),