APL 1541 O medo do Pisão
Otra vez o avô Sardinha, o pai do avô, dixe qu'ía guardar os bois ali pós lades do Pezão – aquile dixe que num havia lá casa ninhuma, era tude só assim, géstais, relvões - ía assim p'o tempe da lua, fartar os bois, assim d'noite. Tirava-l'a guia, ía assim fartar os bois. Quande foi da meia noite p'á 'ma hora, qu'veie um cãozite, p'canite, c'uns aguizes no cachace - tric, tric, tric, tric, p'ro í
abaixe, p'ro í abaixe - e ele foi assim:
- Deixa-te vir, dixe qu'trazia assim um cacete d'altura dele, quande aqui tchegares tu há-des saber com'é qu'te custa!
Vai além, pumba!
Bufava … desapar'cia!
Tornava a ir mai p'a diante: tric, tric, tric.
Mandava-le otra castada... bufava, tornava a desapar'cer!
Diz ele:
- Mau, iste num é cosa boa, vou-me mas é imbora já pra casa qu'eu já num quere aqui 'star nim mai um minute.
Ditou atão a guia ós bois, e foi pra casa.
- Source
- GOUVEIA, Jorge Contos Populares do Paúl Vila Velha de Rodao, Associação de Estudos do Alto Tejo, 2008 , p.14-15
- Year
- 1990
- Place of collection
- Paul, COVILHÃ, CASTELO BRANCO
- Collector
- Jorge Gouveia (M)
- Informant
- Maria José Gouveia Sardinha (F), Paul (COVILHÃ),