APL 945 A casa assombrada

Há muito, muito tempo atrás, numa aldeia do Norte, havia uma velha que vivia num casarão que ficava um pouco retirado do povoado. Essa velha vivia sozinha e era rejeitada por todos pelo simples facto de andar sempre vestida de preto, com o rosto escondido e de ter como companhia muitos gatos pretos.
Um dia a velha morreu e a casa ficou ao cuidado do filho. Este, porque vivia longe, deixou a casa ao abandono durante anos e anos. Até que um dia, cheio de dívidas, decidiu vendê-la. Um casal ainda jovem comprou-a e tentou reconstruí-la, visto que ela se encontrava bastante degradada.
Mas a reconstrução era complicada, porque, sempre que se erguiam novas paredes, algo de estranho acontecia na casa. Tudo caía como que se alguém não quisesse que a casa fosse alterada. Isto foi acontecendo sucessivamente, sem que ninguém conseguisse explicar o que acontecia. As pessoas diziam que era a alma da velha que se encontrava na casa e que tudo o que se passava demonstrava o descontentamento pelo desleixo do filho e pela rejeição das pessoas que a rodeavam.
O casal desistiu de reconstruir a casa e, como eram ricos e não precisavam dela para viver, deixaram-na assim e até aos dias de hoje ela continua abandonada e ninguém se atreve a lá entrar, porque lhe chamam a casa assombrada.

Source
AA. VV., - Literatura Portuguesa de Tradição Oral s/l, Projecto Vercial - Univ. Trás -os-Montes e Alto Douro, 2003 , p.AP6
Year
2000
Place of collection
PENAFIEL, PORTO
Collector
Carmen Andreia de Sousa Ribeiro (F)
Informant
Benvinda Rosa de Sousa (F), 67 y.o., PENAFIEL (PORTO),
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography