APL 3075 O lobisomem que matou a mulher
Sobre esse mesmo sítio, também se conta outro caso. Uma senhora deu fé que o homem andava muito magro e sempre cansado. Uma noite seguiu-o e foi dar com ele nesse areal.
Então pessoas que souberam disseram-lhe:
— Eugénia, quando ele sair, tu vais atrás dele, trazes-lhe a roupa e queimas-lha.
Ela assim fez. Veio então com a roupa e botou o forno a arder, só que havia de ir mexendo, mexendo, mexendo sempre, para a roupa arder. Mas não. Como era uma pessoa muito ingénua e fraquinha, pôs aquilo tudo devagar. Nisto, chegou um cavalo e... tumba! Botou as patas à porta e matou a mulher.
Era o marido. Diziam que numa hora tinha que dar volta a sete freguesias. Como ainda ia perto, chegou-lhe o cheiro da roupa e voltou para trás. Então, com as patas, atirou a porta ao chão e aos coices matou a mulher.
Depois, quando a roupa acabou de arder, ficou nu como um homem normal. Perdeu o fado, mas também perdeu a mulher.
- Source
- PARAFITA, Alexandre Património Imaterial do Douro (Narrações Orais), Vol. 2 Peso da Régua, Fundação Museu do Douro, 2010 , p.173
- Year
- 2004
- Place of collection
- CARRAZEDA DE ANSIÃES, BRAGANÇA
- Informant
- Francelina dos Anjos Pereira (F), 76 y.o.,