APL 1158 A benzelhoa

Contou-me a minha mãe que quando era solteira, estava no campo, e depois vinha a casa e num sábado à noite foi lá o meu pai fazer o serão, quando abalou do serão ela ficou ao lume já era tarde e deitou-se a dormir, estava a candeia acesa e o lume aceso. Veio aquele “estropaço”, ela disse que eram lobisomens, apagou a candeia e tapou o lume com o avental e lá abalou aquela coisa.
 Antigamente havia cá muitas bruxas. Faziam mal à gente, eu estive muito doente e disseram-me que tinham sido as bruxas, o meu homem foi a uma terra onde estava uma “benzelhoa” e então ela deu-lhe lá o remédio e depois eu pus-me melhor. As “benzelhoas” davam remédios e davam uma mão cheia de sal para deitar nos caminhos e nas encruzilhadas.
 Também molhavam as mãos e depois chegavam à terra onde estava a poça aberta antes do defunto ser enterrado esfregavam-nas bem esfregadas com terra e não as tornavam a lavar, punham-nas assim nas mãos das pessoas que queriam para si.

Source
MOURA, José Carlos Duarte Histórias e Superstições na Beira Baixa Castelo Branco, RVJ editores, 2008 , p.15-16
Place of collection
Castelo Branco, CASTELO BRANCO, CASTELO BRANCO
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography