APL 2601 Lenda do Pego do Inferno

Dizem os antigos que andava uma junta de bois a lavrar a terra e quando deu pela parte do calor, dá-lhe a mosca. Diz que dá a mosca, que as moscas incomodam os animais e eles põem-se inquietos. E então deu-lhe a mosca, dizem os antigos, diz que dá a mosca ao bois e eles começaram a correr, largaram o arado, começaram a correr com o arado à rasta. Aquilo o pego, como não tinha protecção, não tinha nada, protecção nenhuma, caíram. Caiu a junta de bois, foram para o pego e nunca mais ninguém os viu, claro. Nem bois, nem arado, nem coisíssima nenhuma, mergulharam. Diziam os antigos que aquilo tinha algo que sorvia, tinha algo que sorvia que desaparecia as coisas. Transmitia então com o rio. Por isso ficou o Pego do Inferno. Diz que tinha um sorvedoiro, chamavam-lhe os antigos um sorvedoiro, que sorvia e então desapareceram. Mais tarde naturalmente com as cheias, isso foi depois tapando. Mas deixa de ser um pego perigoso porque já morreu há muitos anos, há uns 42 anos, 43, morreu um rapaz com 17 anos, que isso lembro-me eu de os bombeiros irem lá tirá-lo. Morreu afogado lá.

Source
AA. VV., - Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas) Faro, n/a,
Year
2010
Place of collection
Santo Estêvão, TAVIRA, FARO
Collector
Alícia Lopes (F)
Informant
Ana Dionísio (F), 49 y.o., Santo Estêvão (TAVIRA),
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography