APL 677 As Lagoas da Serra

Em muitas noites de Inverno, os moradores das terras circunvizinhas da Serra da Estrela acordam sobressaltados com o rugir do temporal.
 As portas das casas, fustigadas pela ventania e por fortes bátegas de água, ameaçam abrir-se de par em par.
 As telhas dos telhados voam como leves penas enrodilhadas no remoinho do vento.
 Os próprios edifícios estremecem e, de tempos a tempos, por entre assobios infernais, ouvem-se rugidos prolongados que parecem vir de muito longe, como que do centro da terra ou do fundo do mar.
 Pessoas assustadiças, receosas de grande cataclismo, levantam-se muitas vezes estremunhadas e trazidas de medo porque, segundo é crença geral, o mar tem comunicação com as lagoas, e os rugidos provêm do movimento das suas águas enfurecidas.
 Já houve quem afirmasse ter visto restos de navios a boiar na superficie tranquila daquelas águas que se situam a mais de mil metros do nível do Oceano.

Source
DIAS, Jaime Lopes Contos e Lendas da Beira Coimbra, Alma Azul, 2002 , p.109
Place of collection
COVILHÃ, CASTELO BRANCO
Narrative
When
20 Century, 50s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography