APL 1400 Lenda de S. Miguel Arcanjo

Corria o final do século dezasseis e já muitas freguesias do lado norte do Pico se começavam a formar. Também na extrema da nova vila de S. Roque, um pequeno grupo de colonos burgueses se fixava, longe do mar, talvez para fugir aos ataques dos piratas. Era a povoação de S. Miguel Arcanjo. A ermida feita em palha, erguia-se no alto do monte, exposta às ventanias de sueste e sudoeste.
 Durante anos S. Miguel Arcanjo ali morou, longe de todos, rodeado apenas de faias, loureiros e tamujos. As pessoas que moravam cá mais abaixo subiam o caminho inclinado, passando pela Cancela, a Aguada até ao cabo de cima do Cabeço, que se erguia como uma espécie de pirâmide cortada, para prestarem a sua homenagem ao santo da sua estima.
 Mas a partir de certa altura o povo começou a aumentar e a pequena ermida já não levava todos os devotos. Decidiram acrescentar o pequeno e pobre templo. Por esta altura, S. Miguel de Setembro, que sempre ali tinha estado sossegado, começou a desaparecer de noite e vinha aparecer na Furna, mais perto das casas dos seus devotos.
 A princípio as pessoas estranharam e levaram a pequena imagem para o cimo do Cabeço. Mas por mais que levassem S. Miguel Arcanjo para a sua ermida outras tantas vezes ele vinha meter-se na dita Furna. Algumas pessoas começaram a dizer que o santo não queria estar ali isolado e desejava vir para mais perto dos seus devotos.
 Não houve outro remédio senão seguir a indicação do santo e lá construíram a ermida num lugar muito próximo da Furna e rodeada de outras casas do lugar.

Source
FURTADO-BRUM, Ângela Açores: Lendas e outras histórias Ponta Delgada, Ribeiro & Caravana editores, 1999 , p.243
Place of collection
São Roque Do Pico, SÃO ROQUE DO PICO, ILHA DO PICO (AÇORES)
Narrative
When
16 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography