APL 216 Lenda da Senhora do Caminho

Em tempos, de que já ninguém se lembra, num lindo dia de Primavera, andavam três crianças — a lenda não diz se eram meninos ou meninas — a guardar umas cabrinhas, que, muito satisfeitas, iam tosando a relva fresca e os rebentos das silvas, enquanto os pequenos se entretinham na brincadeira, descuidados e felizes, como é próprio da idade, mais ou menos no lugar onde está hoje a capela.
 De repente, e sem que tal esperassem, viram junto delas uma Menina de extraordinária beleza, tão linda como nunca imaginaram que existisse ninguém. À volta do seu rosto havia raios de luz como os do sol. Como nunca tinham visto tal coisa, ficaram amedrontadas e pensaram em fugir. No entanto, do rosto da Menina, desprendia-se tal doçura e bondade que se sentiram presos ao Seu encanto e ainda mais quando ouviram a doçura de Sua voz, que lhes disse:
 — Não tenhais medo, meus meninos. Eu sou a Virgem Maria, sou a Mãe do Céu e não vos faço mal. Eu sei que a gente de Mogadouro me honra muito com o meu nome de Senhora das Dores, mas agora ides dizer a toda a gente que Eu vos apareci e que quero que neste lugar se levante uma capela em minha honra e que Eu seja invocada com o nome de Nossa Senhora do Caminho, porque não há por aqui outra invocação igual.
 Dito isto, a Menina desapareceu. As crianças, parecia-lhes que tinham vivido um lindo sonho, como nunca tinham imaginado.

Source
OLIVEIRA, Casimiro Raízes: Poesia, Contos e Lendas Mogadouro, Associação Cultural e Recreativa de Soutelo, 1998 , p.81-83
Place of collection
Mogadouro, MOGADOURO, BRAGANÇA
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography