APL 3745 Lenda da moura branquinha

Contam os antigos que uma senhora de Valnogueiras, concelho de Vila Real, quando foi levar o almoço ao marido, que andava a trabalhar numas terras para os lados da Ponte Pedrinha, que fica sobre a ribeira de Tanha, ao passar na Fonte do Poço deparou com uma moura muito bonita, branquinha de cara e de mãos, mas vestida de negro. Estava sentada nos ramos de uma oliveira.
    — Quem és tu? — perguntou.
    A moura não respondeu. A mulher aproximou-se mais e insistiu:
    — Quem és e o que fazes aqui? Queres uma pinga de água?
    Como voltasse a não ter resposta, a mulher abeirou-se da oliveira para ver se reconhecia aquela cara, ao mesmo tempo que continuava a tentar meter conversa com ela e a oferecer-lhe coisas. Então a moira quebrou o silêncio e disse-lhe:
    — Deixa-me em paz! Não quero nada do que é teu!
    E como houvesse insistência da parte da mulher em continuar a conversar, a moura não esteve com mais aquelas: levantou voo e desapareceu na direcção da mina da Fonte do Poço. Dizem que continua lá encantada.

Source
PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros Vila Nova de Gaia, Gailivro, 2006 , p.361
Year
2000
Place of collection
Vale De Nogueiras, VILA REAL, VILA REAL
Informant
Maria Elisabete Lopes (F), 45 y.o.,
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography