APL 1870 [A Cadeira Divina]

Quando Deus foi fazer o Inferno ficou Luz-de-Vela (Lusbel ?) na cadeira divina; ao voltar, não lhe queria Luz-de-Vela restituir a cadeira, alegando que o Senhor lha tinha dado.
 Dizia o Senhor:
 — A cadeira é minha, emprestei-ta, não ta dei.
 Luz-de-Vela ateimava muito e pôs uma demanda com o Senhor. O Senhor apresentou a Lua, a Água e o Sol como testemunhas dc que tinha emprestado, e não dado, a cadeira. A Lua e a Água juraram falso; o Sol jurou a verdade, respondendo ao Senhor:
 — O que é dado, é dado; o que é vendido, é vendido; o que é emprestado, é emprestado. Portanto a cadeira é vossa.
 Deus então castigou a Lua (que era tão linda como o Sol), tirando-lhe os raios para os dar ao Sol; castigou também a Água, obrigando-a a correr sempre, sem nunca estar queda.
 Luz-de-Vela era antes disto o maior Anjo do Céu, depois ficou o, maior Diabo do Inferno e chama-se Lucifé (Lúcifer).

Source
VASCONCELLOS, J. Leite de Contos Populares e Lendas I Coimbra, por ordem da universidade, 1963 , p.314
Place of collection
VILA NOVA DE FAMALICÃO, BRAGA
Informant
Ana Joaquina de Sousa (F), VILA NOVA DE FAMALICÃO (BRAGA),
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography