APL 3081 Lenda da Ermida da Senhora da Paixão
Conta-se que há muitos muitos anos morava nessa ermida um frade solitário que todos os dias se deslocava a uma considerada distância para se abastecer de água.
Num desses dias, de regresso a casa com a cântara que transportava numa das mãos, iniciou a subida do escadario e depois de transpor o portão, saiu-lhe de uma das plantas (de alecrim) que ali ainda se encontrava, uma enorme serpente, que lhe fez passar por um grande susto. Este depois de refeito do mesmo disse-lhe:
— ‘Vai com Deus.”
Em seguida a serpente respondeu:
— Para Deus quero seguir, mas preciso da tua ajuda.
O frade respondeu-lhe:
— O que devo fazer para te ajudar?
— Vais à aldeia (Arnal) dizes ao António Ventura, que mande dizer duas missas à Senhora da Paixão, que pelo mal que me fez, eu lhe perdoarei.
O frade apressou-se a cumprir a promessa. Ditas as missas, nunca mais lhe apareceu a dita serpente entrando no Reino de Deus, quem por amor se tinha perdido.
Daí para o futuro o Santo do frade, dormiu com a tranquilidade de quem tinha tido a ventura de introduzir uma alma penada no Céu.
- Source
- PARAFITA, Alexandre Património Imaterial do Douro (Narrações Orais), Vol. 2 Peso da Régua, Fundação Museu do Douro, 2010 , p.181
- Year
- 2010
- Place of collection
- Linhares, CARRAZEDA DE ANSIÃES, BRAGANÇA
- Informant
- Manuel Costa (M), 87 y.o.,